Descende dos gatos selvagens (Felis silvetris) e preserva suas características metabólicas e nutricionais.1

Dentre todas as espécies domesticadas, não há exemplo melhor de preservação de suas características metabólicas e nutricionais do que o gato.1 Descendente dos gatos selvagens (Felis silvetris), a história de sua domesticação é bastante controversa, segundo alguns estudos, a domesticação teria iniciado no Egito, por volta de 7.500 a.c. com a construção de silos que abrigavam os grãos das colheitas. Estes grãos atraiam, e em muito, pequenos roedores, que além de comer os grãos, veiculavam doenças (peste bubônica e leptospirose) e sua urina acelerava o processo de degradação dos grãos, diminuído a vida útil destes alimentos.2,3

Como os gatos selvagens caçavam estes roedores, bem como, minimizava o acesso destes aos grãos, logo, o conhecimento desta atividade exercida por eles se popularizou, e daí, estes passaram a frequentar as proximidades das casas dos egípcios, até que tiveram acesso total, afinal quem não se encanta com esses animais, associado a esta condição natural de aproximação, os egípcios ainda tinham como símbolo da fertilidade e felicidade, a deusa de Bastet ou Fastet, cuja imagem era de uma mulher com cabeça de gato..2,4,5

Com base nestes dados, os gatos foram domesticados a aproximadamente a 10.000 anos, muito pouco tempo quando comparado a domesticação dos cães que remonta aproximadamente 150.000 anos.2,5,6

Desde o início de sua domesticação até a atualidade, pouco mudou sob o ponto de vista metabólico nos gatos, apenas novos hábitos alimentares foram implantados, hoje, não caçam e não são caçados, basicamente se alimentam com dietas secas, industrializadas (rações), seu ciclo circadiano, dia e noite, não é respeitado, entre outras coisa, o que leva como consequência para sua vida, a obesidade, cálculos urinários (urólitos) ...1,2,4,5,7,8

​O gato possui características anatômicas, fisiológicas e comportamentais que o torna único, e essas características devem ser respeitadas para uma boa nutrição.

- Comparativo entre o Cão e o Gato

O sistema gastrointestinal tem como papel fundamental, extrair nutrientes a partir dos ingredientes que compõe o alimento (dieta) e sua liberação para o corpo na forma utilizável, além disso, atua na manutenção da homeostasia (equilíbrio) corporal e da imunidade do indivíduo, não permitindo que agentes ou substâncias nocivas invadam o corpo.9–12

Levando em conta as diversas funções metabólicas (funcionais) do sistema digestivo é fácil entender porquê:

Consome 50% de toda a proteína ingerida;

Gasta 20% da energia que o corpo precisa

Representando em média apenas 4% a 5% do peso do gato.

O tubo digestivo malnutrido gerará doenças sistêmicas (desnutrição, alergias, doenças autoimunes, infecções, sepse, ...).

Referências Bibliográficas

1. Bradshaw JWS, Goodwin D, Legrand-Defrétin V, Nott HMR. Food selection by the domestic cat, an obligate carnivore. Comp Biochem Physiol - A Physiol. 1996;114(3):205–209. doi:10.1016/0300-9629(95)02133-7.

2. Royal Canin. Enciclopédia do Gato. (Fortampss B, Baret M-É, orgs.). Paris: Aniwa; 2001.

3. Driscoll CA, Menotti-Raymond M, Roca AL, et al. The near eastern origin of cat domestication. Science (80- ). 2007;317(5837):519–523. doi:10.1126/science.1139518.

4. Zoran DL. The carnivore connection to nutrition in cats. J Am Vet Med Assoc. 2002;221(11):1559–1567. doi:10.2460/javma.2002.221.1559.

5. Jackson P, Nowell K. Wild cats : status survey and conservation action plan. IUCN; 1996.

6. KingdonJonathan, Happold D, Butynski T, Hoffmann M, Happold M, Kalina J. Introductory chapters and Afrotheria. In: Mammals of Africa. VI. London: A&C Black; 2013:51–59.

7. Zoran DL, Buffington CAT. Effects of nutrition choices and lifestyle changes on the well-being of cats, a carnivore that has moved indoors. J Am Vet Med Assoc. 2011;239(5):596–606. doi:10.2460/javma.239.5.596.

8. Driscoll CA, Macdonald DW, O’Brien SJ. From wild animals to domestic pets, an evolutionary view of domestication. Proc Natl Acad Sci. 2009;106(Supplement_1):9971–9978. doi:10.1073/pnas.0901586106.

9. Drack R l., Wayne Vogl A, Mitchell AWM. Anatomia Clínica para Estudantes. 3a. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda.; 2015.

10. Dyce KM, Wensing C, Sack W. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier Brasil; 2004.

11. Argenzio RA. Digestão, Absorça e Metabolismo. In: Dukes - Fisiologia dos Animais Domésticos. 11a. Cornell: Guanabara Koogan S. A.; 1996:297–469.

12. Guyton HE. Fisiologia Gastrointestinal. In: Guyton E Hall - Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda.; 2017:797–889.