No cão, o estomago concentra cerca de 60% do volume de todo do tubo digestivo de em virtude de seu habito alimentar carnívoro.1–3

O estomago é uma dilatação do tubo digestivo que ocorre logo após a entrada do mesmo na região abdominal, sendo uma continuação do esôfago, separado deste por um sistema anéis musculares (esfíncter) chamado cárdia, e termina se adelgando (afinando) para continuar como duodeno, primeira porção do intestino delgado, donde se separa também por meio de esfíncter, agora denominado piloro.2,4,5

Tem como funções: o armazenamento temporário do alimento; iniciar a digestão acida e enzimática principalmente das proteínas; misturar e triturar a porção sólida do bolo alimentar, transformando-o em quimo; produzir fatores intrínsecos nutricionais; controlar a velocidade da passagem do alimento para o intestino delgado; absorver certos tipos de gorduras, cálcio, ferro e minerais vestigiais, além da potente ação antimicrobiana.1,3,4,6–9

Ao analisar as 2 espécies pode-se salientar:

​- Capacidade volumétrica

No cão, o estomago concentra de 62% de todo o volume do tubo digestivo e sua capacidade volumétrica varia enormemente de 0,5 litro (ex. Chihuahua de 3,5 Kg a capacidade é de 142 ml / Kg) a 8,0 litros (ex. Mastif inglês de 80 Kg a capacidade é de 100 ml / Kg)1,2,6–8,10–15, no gato o estômago também corresponde a 69,5% do peso total do tubo digestivo, com uma capacidade volumétrica de 0,3 a 35 ml / Kg.1,2,16–18 Comparativamente ao homem, que é um animal onívoro, cuja representatividade volumetria do estômago é de aproximadamente 10%,3,4,19, o cão possui uma capacidade gástrica 15 maior.​

- Grau de Acidez (pH)

A acidez gástrica tem como funções: propiciar um meio adequado a digestão química, ao ativar as enzimas proteolíticas (transformam proteínas em aminoácidos) e lipolíticas (diminuem o tamanho das moléculas de gordura) e tornar o ambiente impróprio para muitos tipos de microrganismos. Tanto no cão quanto no gato o pH varia de 0,7 a 2, lembrando, quanto menor o pH maior é, maior é o grau de acidez.1,3,8,10,13,18–20 Ao se comparar o grau de acidez do suco gástrico das 2 espécies, com o homem o grau de acidez do estomago do deles é no mínimo 100 vezes maior que a acidez do estomago do homem.​

- Tempo de esvaziamento gástrico

O tempo de permanência do alimento no estomago varia de acordo com o tipo da dieta. Dietas cruas, teores aumentados de gorduras e proteínas são exemplos de dietas que mantem o alimento mais tempo no estômago. Nos cães variam de 1 hora e 20 minutos a 4 horas dependendo do porte do cão.1,6,8–10,13–15

No homem com uma dieta padrão, tendo como base proteica a carne de frango, esse esvaziamento é em torno de 4 a 6 horas,3,21 sendo até 3 vezes mais lentos que o cão.

Referências Bibliográficas

1. Argenzio RA. Digestão, Absorça e Metabolismo. In: Dukes - Fisiologia dos Animais Domésticos. 11a. Cornell: Guanabara Koogan S. A.; 1996:297–469.

2. Dyce KM, Wensing C, Sack W. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier Brasil; 2004.

3. Guyton HE. Fisiologia Gastrointestinal. In: Guyton E Hall - Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda.; 2017:797–889.

4. Drack R l., Wayne Vogl A, Mitchell AWM. Anatomia Clínica para Estudantes. 3a. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda.; 2015.

5. Tank PW, Gest TR. Atlas de Anatomia Humana. São Paulo: Artmed Editora; 2008.

6. WEBER M. Influence of Size on the Dog ’ S Digestive Function. 2006;(1):327–332.

7. National Research Council. Nutrient requirements of dogs and cats. Wasington DC: National Academies Press; 2006.

8. Royal Canin. Enciclopédia do Cão. Paris: Aniwa; 2001.

9. Maria F, Borges DO. Conceitos Básicos Sobre Nutrição e Alimentação de Cães E Gatos. Ciência Anim. 2015;25(Iii):64–75.

10. Júlia Guazzelli Pezzali. Influência do Tamanho Corporal de Cães da Fisiologia do Trato Gastrointestinal e na Microbiota Fecal. 2016.

11. Ramos TA. Ensaio de Digestibilidade em Cães: Em Período de Adaptação e Enriquecimento Ambiental. 2016. doi:636.7.804.

12. Camilleri M, Linden DR. Measurement of Gastrointestinal and Colonic Motor Functions in Humans and Animals. Cmgh. 2016;2(4):412–428. doi:10.1016/j.jcmgh.2016.04.003.

13. Bourreau J, Hernot D, Bailhache E, et al. Gastric Emptying Rate Is Inversely Related to Body Weight in Dog Breeds of Different Sizes. In: WALTHAM International Science Symposium. Vol 134. ; 2004:2039S–2041S.

14. Hernot DC, Biourge VC, Martin LJ, Dumon HJ, Nguyen PG. Relationship between total transit time and faecal quality in adult dogs differing in body size. J Anim Physiol Anim Nutr (Berl). 2005;89(3–6):189–193. doi:10.1111/j.1439-0396.2005.00544.x.

15. Weber MP, Biourge VC, Nguyen PG. Digestive sensitivity varies according to size of dogs: a review. J Anim Physiol Anim Nutr (Berl). 2017;101(1):1–9. doi:10.1111/jpn.12507.

16. Goy-Thollot I, Elliott DA. Nutrition Critical Care in Cats. In: Ebcyclopedia of Feline Clinical Nutrition. Aimargues Fr: Aniwa; 2008:407–437.

17. Zoran DL. The carnivore connection to nutrition in cats. J Am Vet Med Assoc. 2002;221(11):1559–1567. doi:10.2460/javma.2002.221.1559.

18. Royal Canin. Enciclopédia do Gato. (Fortampss B, Baret M-É, orgs.). Paris: Aniwa; 2001.

19. Muñoz K, Muñoz KFF, Pereira CA, Lima JR de, Lora PS. Nutrology and Nutrition in Intensive Care Units: Synergy in Search of Excellence. Int J Nutrology. 2016;9(1):109–117. doi:10.22565/ijn.v9i1.218.

20. Ferreira VDF, Lúcia V, Ferraz HT, Bueno PDC, Antônio M, Viu DO. Hospitalized dogs clinical nutrition : Review. PUBVET. 2017;11:901–912. doi:H T T P : / / D X . D O I . O R G / 1 0 . 2 2 2 5 6 / P U B V E T. V 1 1 N 9 . 9 0 1 - 9 1 2.

21. Ietsugu M do V. Distribuição Intragastrica de Refeições e Esvaziamento Gastrico na Dispepsia Funcional: Uma Análise Multissegmentar. 2015.