Localizada no interior da boca, a língua possui funções mecânicas e químicas na alimentação, dentre elas, o paladar. A língua se renova a cada 7 dias e é recoberta por papilas gustativas, as quais e diminuem seu número com o passar da idade.2–6 Ao compara a língua do homem e a do cão, se perceber grandes diferenças:
A língua humana tem formato retangular, alongado, com a borda mais externa arredondada, já o cão tem formato losangular, semelhante a uma gravata, onde parte central da língua é mais larga para facilitar a deglutição e om relação ao comprimento a língua do cão é proporcionalmente maior e mais larga do que a do homem.4,6,7
Do ponto de vista biológico, o paladar permite distinguir e selecionar os ingredientes da dieta (carne, batata, ...), mas não selecionar os nutrientes (aminoácidos, ácidos graxos, …) contidos no alimento, logo, este sentido pode ser traiçoeiro, pois “Nem tudo o que é gostoso é saudável”.1–3,5,8 Tanto o homem quando o cão, possuem 4 tipos diferentes de papilas gustativas, o que diferencia as espécies, basicamente, é a quantidade e localização destas.2–7 O homem possui cerca de 10.000 papilas gustativas distribuídas por toda a língua; palato (céu da boca); faringe (garganta) e esôfago.2,6 O cão possui apenas algo entorno de 1.000 a 1.500 papilas gustativas localizadas basicamente na língua,3,4,7 logo, “A percepção do gosto do alimento não é o fator determinante para ser a escolha do cão”, todavia, explica a predileção do cão por alimentos “in atura” ou úmidos (caseiros) a dietas secas (industrializadas), pois a umidade facilita a captação ou entrada de partículas (pedaços) do alimento nas papilas gustativas o que realça os sabores.5
São as mais numerosas em ambas as espécies, recobre toda a língua e tem apenas a função mecânica de preensão do alimento.4,6
São as responsáveis pela percepção dos sabores doce e salgado dos alimentos. No homem são encontradas no ápice (parte mais externa da língua) e no corpo (parte do meio da língua) em um número aproximado de 200 papilas, no cão estão localizadas predominantemente no corpo da língua e possui cerca de apenas 50 papilas.
São as responsáveis pela percepção do sabor ácido ou azedo dos alimentos. No homem são encontradas apenas nas laterais posteriores da língua, e no cão em toda a extensão lateral da mesma, o que permite distinguir se o alimento rico em proteína (aminoácidos) e ou gordura (ácidos graxos).2,3
São as responsáveis pelo gosto amargo ou alcaloide. São encontradas na base da língua (porção mais interna) formando um V com a ponta (ápice) voltado para a faringe (garganta) sendo em número de 8 a 12 papilas no homem e apenas 4 a 6 no cão, o que permite distinguir se o alimento está ou não estragado.2,3,7
Glândulas especializadas na produção de uma secreção mucosa (espessa) que ajuda tanto a “empurrar” as partículas do alimento mastigado para dentro das papilas gustativas e potencializar a percepção do sabor, quanto a “remove-las” para que outras partículas possam ser percebidas.2 Outra função é a produção de uma enzima salivar chamada de “lipase lingual”, que tem a propriedade de iniciar a digestão das gorduras, e previne a formação tampões sobre as papilas gustativas e seu respectivo entupimento, além de, quando chega ao estômago, ela é ativada e é responsável por digerir até 30% dos triglicerídeos presentes nos alimentos.2 No cão essa atividade enzimática é muito baixa quando comparado ao homem.3,7
Referências Bibliográficas
1. Palatability F, Yamaguchi S, Ninomiya K. The Use and Utility of Glutamates as Flavoring Agents in Food. J Nutr. 2000;130(February):921–926.
2. Guyton HE. Fisiologia Gastrointestinal. In: Guyton E Hall - Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda.; 2017:797–889.
3. Argenzio RA. Digestão, Absorça e Metabolismo. In: Dukes - Fisiologia dos Animais Domésticos. 11a. Cornell: Guanabara Koogan S. A.; 1996:297–469.
4. Dyce KM, Wensing C, Sack W. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier Brasil; 2004.
5. Pizzato DA, Domengues JL. PALATABILIDADE DE ALIMENTOS PARA CÃES. Revista Eletrônica Nutritime. 2008:504–511.
6. Tank PW, Gest TR. Atlas de Anatomia Humana. São Paulo: Artmed Editora; 2008.
7. Royal Canin. Enciclopédia do Cão. Paris: Aniwa; 2001.
8. Creel S, Creel NMN. The African Wild Dog: Behavior, Ecology and Conservation. Princeton University; 2002.